segunda-feira, 24 de setembro de 2018

POR QUE HADDAD, MESMO QUE FOSSE HONESTO, NÃO SERIA UM BOM PRESIDENTE.

POR QUE HADDAD, MESMO QUE FOSSE HONESTO, NÃO SERIA UM BOM PRESIDENTE.
O ano é 2002. Sob a promessa de manter as conquistas econômicas de FHC, Lula acaba de ser eleito Presidente da República. Longe do socialismo que calorosamente pregava no ABC, o metalúrgico fez alianças com empresários – a exemplo de seu vice José Alencar – e pôde assim, usar a máquina pública a favor do capitalismo de compadres. E a despeito de vultosos escândalos de corrupção, a brincadeira até que deu certo: o PIB cresceu, a mortalidade infantil diminuiu, o Brasil saiu do Mapa da Fome, a reforma agrária avançou, o ensino superior se expandiu, o déficit habitacional foi reduzido e o Brasil finalmente emergiu como protagonista no cenário internacional. Diante disso, como alguém poderia ser contra Lula? Mas que monstruosidade!
O que pouca gente menciona é que os fatores que alavancaram o crescimento brasileiro entre 2003 e 2010 não existem mais. Isso mesmo, o cenário mudou. Mesmo que fosse honesto e competente – o que se sabe que não é verdade – Haddad NÃO seria um bom presidente nas condições políticas e econômicas atuais. Então vamos aos fatos.
Na primeira década do século XXI, os ventos externos eram extremamente favoráveis. As guerras do Iraque e do Afeganistão haviam derretido o valor do dólar. Com a moeda americana baixa, o crédito tornou-se abundante, fácil e barato. Com mais oferta de dinheiro disponível na praça, começou a gastança desenfreada do governo, o que possibilitou a execução de grandes obras como a Transposição do São Francisco ou a Ferrovia Norte-Sul, e também empreendimentos no exterior; à exemplo do Porto de Mariel, do Metrô de Caracas, e das hidrelétricas e aeroportos na África financiados via BNDES. A fórmula é simples: contrai-se a dívida, paga-se depois. Crescimento intenso, sustentabilidade zero.
Este modelo funcionou relativamente bem até 2008, quando estourou a crise imobiliária americana e crédito tornou-se escasso, jogando uma pá de cal na farra sul-americana. E quando parecia tudo perdido, a China – para se proteger do caos americano – resolveu investir pesado em infraestrutura, puxando o valor das commodities para cima e beneficiando diretamente o Brasil. Graças ao dragão chinês, sentimos apenas a “marolinha” da crise; embora a ressaca tivesse vindo depois.
Já com a Dilma no poder, o Brasil começou a colher os “frutos” nefastos do populismo. O estímulo ao consumo provocou o endividamento da população e a diminuição dos investimentos; o inchaço estatal provocou inflação; e a dívida contraída na época de bonança ficou para os governos posteriores. É como se tivéssemos estourado o limite do cartão de crédito por 10 anos consecutivos e precisássemos pagar a conta nos próximos 10. No final do governo Dilma, o populismo petista deixou um saldo de 13 milhões de desempregados. A irresponsabilidade cobrou o preço. A bolha estourou. Graças à má administração, a farra acabou.
Se em 2003, a onda externa era favorável, hoje não é mais. O crescimento exponencial da economia americana, o cenário interno das eleições e outros fatores fizeram com que o dólar passasse dos quatro reais. Isto significa que apesar dos juros baixos, o crédito ficou mais caro (e ter uma população desempregada e altamente endividada não ajuda em nada a barateá-lo). Sem crédito na praça – e aqui chegamos ao clímax do texto – só há duas possibilidades: a primeira, prometida por Paulo Guedes, é um pacote de abertura econômica e diminuição de impostos; em suma, o enxugamento da máquina pública, a principal fonte de gastos. A segunda, defendida por Lula, Haddad e Ciro, é exatamente oposta e diz respeito ao aumento do protagonismo do Estado. Ué, mas como é possível aumentar o Estado sem dinheiro? Pois é.
Não tem milagre. Sem crédito e com a economia quebrada, o governo de Haddad só poderia ter receita de quatro formas: a) aumentando impostos do contribuinte; b) emitindo/renegociando dívidas com juros exorbitantes e mascarando o problema com a emissão de títulos públicos; ou c) imprimindo dinheiro e gerando inflação. O problema é que estas medidas sempre dão errado. Repito: sempre. Haddad, portanto, tentaria desintoxicar o Brasil com o próprio veneno que causou a crise. Genial, não?
Lula conseguiu surfar em um contexto deliciosamente favorável, sorte que seu poste não teria em um eventual mandato. Não tem jeito: quem gera receita é o capital privado, e não o governo. A situação atual exige uma boa dose de liberalismo: enxugamento e simplificação de impostos, retomada da confiança e dos investimentos privados, liberdade de empreender e também, segurança jurídica; solução que só Paulo Guedes traria.
É por isso que estas eleições são tão preocupantes. Caso Haddad vença o pleito, o Brasil corre um sério risco de enfrentar problemas como inflação galopante, diminuição de investimentos, negligência à responsabilidade fiscal, rebaixamento do país nas agências internacionais; enfim, o aprofundamento da crise econômica; ou a famosa “venezuelização” que alguns gostam de dizer. E para piorar, o terceiro colocado também parece ir à mesma linha: as propostas de Ciro Gomes não são muito animadoras não, viu?
Diante deste cenário, você REALMENTE acredita que uma piadinha do Bolsonaro é mais importante do que uma severa recessão econômica que nos aguarda? Eu não tenho dinheiro para sair do país, você tem?
Alexandre Vastella
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