"Essa guerra cultural é bem mais profunda que vocês imaginam. Isso, pessoal, não se vence com votos."
Já leram algo sobre o envolvimento do Partido Comunista americano com o folk e o blues? Tom Frampton e Pete Seeger já são figuras carimbadas nesse imbróglio, mas o que é novidade pra mim é isso também ter chegado no blues. Huddie William Ledbetter, bluesman que faleceu em 1949 e era conhecido como Lead Belly, chegou a gravar uma musica chamada The Bourgeois Blues em 1937. A relação entre Belly e o partido comunista ocorreu por meio do ativista político, músico e membro do Partido Comunista Alan Lomax, que chegou a ser diretor da Biblioteca do Congresso americano. Lomax, muito similar ao trabalho de outro comunista José Ramos Tinhorão, coletou material inicialmente com seu pai, o folclorista e colecionador John Lomax, e depois sozinho e com um grupo igualmente repleto de membros do Partido Comunista. Por meio desse trabalho, ele gravou milhares de canções e entrevistas para o Arquivo de Canção Popular Americana, do qual ele era o diretor, na Biblioteca do Congresso. Que foi exatamente o trabalho de Tinhorão no Brasil. Depois de 1942, quando o Congresso cortou o financiamento da Biblioteca do Congresso para a coleta de canções folclóricas, Lomax continuou a reunir e coletar seu acervo pessoal com a ajuda dos comunistas na Grã-Bretanha, Irlanda, Caribe, Itália e Espanha, bem como nos Estados Unidos, usando a mais recente tecnologia de gravação, reunindo um enorme coleção de cultura americana e internacional. Após seu retorno a Nova York em 1959, Lomax produziu um show, Folksong '59, no Carnegie Hall, apresentando o cantor do Arkansas Jimmy Driftwood; The Selah Jubilee Singers e Drexel Singers (grupos gospel); Muddy Waters e Memphis Slim (blues); Earl Taylor e os Stoney Mountain Boys (bluegrass); Pete Seeger, Mike Seeger (revival do folk urbano); e The Cadillacs (um grupo de rock and roll). Lomax era membro da Frente Popular (Popular front) americana e criador da organização Música do Povo, movimento comunista dos anos de 1940. No Brasil a mesma diretriz havia sido dada por Moscou: em 1951, Tinhorão começou a trabalhar na Revista da Semana. No ano seguinte, foi levado para o Diário Carioca. Janio de Freitas, comunista que até hoje não esconde sua ideologia defendendo Lula, leva Tinhorão para o Jornal do Brasil e lá ele cria o Caderno B, onde com outro comunista Sérgio Cabral (o pai) exalta o samba em detrimento das músicas populares do norte, nordeste, sul e centro oeste, alegando que o samba é o reflexo das músicas medievais de Veneza contra a autoridade da Igreja e do Estado, um doido completo. Também foi duro crítico da bossa-nova e de qualquer influência americana na música brasileira. Essa guerra cultural é bem mais profunda que vocês imaginam. Isso, pessoal, não se vence com votos. Via Valéria Bernardo e Allan dos Santos.https://t.me/PauloProfGeo/9695
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