O CÉREBRO E O CONSUMO DE PORNOGRAFIA
Paulo Louzada, MD PhD - Professor da UFRJ.
O
consumo de pornografia é um estímulo para a plasticidade neuronal cerebral, ou
seja, para a capacidade do cérebro de mudar (não no sentido positivo) e se
adaptar à essa experiência. Assim, a longo prazo, a pornografia parece criar disfunções
sexuais, como a incapacidade de atingir o orgasmo com um parceiro real. O cérebro
cria circuitos no córtex pré-frontal que geram excitação apenas se há
pornografia e masturbação. Assim, ao invés de recorrer a um parceiro romântico
em busca de satisfação sexual, usuários crônicos da pornografia instintivamente
pegam seus telefones e laptops quando há o desejo. O cérebro traduz estímulos
prazerosos de qualquer natureza neuro quimicamente como LIBERAÇÃO DE DOPAMINA
NO NÚCLEO ACUMBENTE (que fica no lobo frontal). Além disso, surtos neuroquímicos
de recompensa dopaminérgica (com prazer extremo) evocam níveis de habituação no
cérebro também fortes: você̂ tenderá a procurar cada vez mais pornografia. Como
dito no início, a pornografia induz a uma mudança neuroplastia cerebral. Assim,
quando os produtores de pornografia anunciam a criação de novos conteúdos, o
que eles não dizem é que têm que fazer isso porque seus clientes já
desenvolveram tolerância em relação ao conteúdo pornográfico usual (e se
desinteressaram, mesmo assim precisam de mais pornografia). Ocorre exatamente o
mesmo quando há tolerância a drogas, e precisamos de doses cada vez maiores
para obtenção do mesmo efeito de liberação de dopamina. O resultado pode ser a alteração
do sistema normal de recompensa no cérebro e deixando-o sem interesse nas
fontes naturais de prazer. Consumidores frequentes de pornografia relatam que não
necessariamente gostam de serem assim. Essa desconexão entre querer e gostar é
uma característica marcante da desregulação do neurocircuito normal de recompensa
. Eles precisam da recompensa proporcionada pela dopamina, mas gostariam mesmo
era de ter uma relação amorosa convencional, mas não conseguem mais. O melhor
caminho sempre é mantermos os circuitos neuronais naturais.
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