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“Por isso existe essa eterna discussão sobre se ele [o
nazismo] é de direita ou de esquerda. Muito mais produtivo seria se nós o
compreendêssemos de maneira livre e sem colocá-lo a todo momento em gavetas à
direita e à esquerda.”
"Creio ser importante uma consideração com relação a
parte do texto em que chamo o nazismo de "direita".
Longe de querer entrar no debate sobre se o "nazismo é
direita ou esquerda", mas algumas coisas devem ser esclarecidas.
O Nacional Socialismo assumiu durante sua existência uma
característica amorfa frente aos espectros políticos bem determinados, como o fascismo
e o comunismo, direita e esquerda.
O fascismo buscava uma espécie de retroação social e um
regicismo moral na intenção de um inflar um apreço extremo pelo nacionalismo e
superproteção econômica; o comunismo, por sua vez, possuía características mais
internacionalistas, a moral era considerada algo da burguesia (superestrutura)
e a economia era estatista (semelhante, por vezes, com o protecionismo acima
mencionado).
O Nazismo teve características de ambos os lados, foi
nacionalista, mas por vezes queria dominar todos os países possíveis numa
espécie de impulso internacionalista; por vezes estatizou tudo, por vezes usou
de métodos agressivos de industrialização em massa; por vezes se declarou
abertamente contra o comunismo, por vezes se disse marxista; por vezes tinha o
impulso progressista em seu modus operandi, por vezes um reacionarismo baseado
no mito ariano.
A conclusão a que eu chego, e aqui ninguém precisa concordar
comigo, é que o nazismo assumiu formas políticas que perpassavam ambos os
espectros políticos pré-determinados.
Por isso existe essa eterna discussão sobre se ele é de
direita ou de esquerda. Muito mais produtivo seria se nós o compreendêssemos de
maneira livre e sem colocá-lo a todo momento em gavetas à direita e à esquerda.
Mas no texto em questão, a Polônia foi invadida por Nazistas
e Soviéticos, e naquele momento o nazismo era o opositor militar da URSS, a
invasão da Polônia era estratégico no terreno geográfico da guerra. Naquele
momento o opositor do comunismo, com alianças com o fascismo de Mussolini, por
exemplo, era a Alemanha nazista.
Então naquele terreno no qual a Polônia invadida se insere
(e é justamente a parte contestada de meu texto), a Alemanha fazia as vezes da
extrema-direita contra a extrema-esquerda.
Eu sempre me inseri nesse debate de maneira ponderada pelos
motivos que acima expus.
O Nazismo não é como o comunismo russo, nem como o governo
de Pinochet, governos em que conseguimos erigir dois modelos exatos de Estados
tirânicos de direita e de esquerda.
O Nazismo é um caso à parte de mistura de mitologização
ariana, um caráter revolucionário e reacionário, estratégias econômicas
variadas, e um Estado que se aliava ora com fascistas, ora com o comunismo
russo -- como no Pacto Molotov-Ribbentrop. Vladimir Tismăneanu, em "Do
comunismo", faz essa relação mostrando como o stalinismo era por ora mais
parecido com o fascismo do que com o comunismo, e como o nazismo atuava por
vezes como os comunistas. Vladimir Tismăneanu chega a afirmar que eles são
"gêmeos totalitários".
Enfim, esse debate vai muito além e ele resiste às
simplificações, é muito mais complicado que a mera tachação aleatória.
Entretanto, reafirmo, no texto [Jornalista Militante +
Desconhecimento Histórico] eu escrevi no sentido puro e simples de oposição
militar em que a Polônia, como vítima de ambas as tiranias, ali se inseria.
Naquela configuração o nazismo fazia as vezes da
"extrema-direita" contra a esquerda soviética. Isso é fato histórico,
não opinião!"
(Pedro Henrique)
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